Filosofia Ágora

Auto ironizar-te a ti mesmo

21 de out. de 2009

O positivismo no Brasil

A partir do segundo Reinado, o positivismo teve uma forte influência no Brasil, principalmente por meio de Benjamim Constant, em suas aulas na Escola Militar e em sua atuação política.
A crise política e economica desse período encontrou, na filosofia positivista, sua solução ideológica. Com efeito, as idéias por um lado conservadoras e autoritárias, no plano político-social e, por outro, progressistas (a fé sem limites na capacidade das ciências de resolver todos os problemas) pareciam a resposta natual para superar um regime decadente (a monarquia), para justificar os interesses dos novos "barões do café" e para estimular aqueles que já ansiavam pela industrialização.
Compreende-se, deste modo, a grande influência do Positivismo na implantação de uma República ditatorial e totalmente separada da Religião, assim como a reforma educacional com a valorização das disciplinas matemáticas e científicas.
Foi nesse contexto prositivista que se deu a politização dos militares, processo que teria suas principais manifestações na Questões Militar, na proclamação da República, nos dois primeiros governos republicanos, no Tenentismo, na Revolução de 1930 e na Revolução de 1964. Como parte destes últimos fatos, podem ainda ser caracterizados como resultantes da influência positivista: a política de tecnoburocracia; a política de "segurança e desenvolvimento"e, enfim, todo o regime autoritário militar dos últimos vinte anos.
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Apesar da crítica à religião ser essencial ao positivismo, na fase final do seu pensamento Comte propôs a Religião Positica. Seu objetivo de culto, através da veneração dos mortos, principalmente os filósofos e cientistas é a própria Humanidade, denominada o Grande Ser.
Essa igreja seria a base da política positiva, na medida em que pelos seus sacerdotes, os sábios deveriam inculcar na sociedade os princípios morais.
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O fundamental na política positiva é: "o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim". Só pode haver desenvolvimento social na medida em que o governo mantém a ordem, reprimindo manifestações críticas, sufocando revoltas, enfim, garantindo a paz.
A sociedade deve ser hierarquizada, sendo dirigida pelos proprietários (poder temporal), filósofos, cientistas (poder espiritual), artistas (encarregados de induzir o povo e adotar o plano dos sábios) e aos operários, cabe o trabalho obediente.
Para Comte, não há direitos humanos (conceito metafísico, imoral e anárquico), apenas deveres para com todos. Os direitos expressam o individualismo e devem ser condenados na medida em que protegem os que subvertem a ordem social.
A ideia de igualdade também deve ser rejeitada, pois provoca inveja contra os que ascendem socialmente e desconfiança em relação às autoridades.
O governo deve ser ditatorial, para poder instaurar a nova moral positiva, subordinando os interesses individuais aos coletivos, garantindo a ordem a qualquer custo e proporcionando assim, o progresso industrial.
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Augusto Comte classificou as ciências segundo dois critérios interdependentes.

O critério de generalidade decrescente e de complexidade crescente.

Os objetos de estudo das primeiras ciências são mais genéricos e mais simples do que os objetos das ciências subsequentes, que se tornam mais concretos e complexos.


O critério histórico

A classificação também obedece à ordem histórica do aparecimento das ciências, ou seja, a sequencia em que os ramos do conhecimento foram se libertando das explicações teológicas, metafísicas e se tornando positivas: Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia e Sociologia.


Esta classificação implica em que uma ciência qualquer, por exemplo: a Biologia, não poderia ter surgido como ciência, sem que a anterior, no caso, a Química, se tivesse tornado positiva.

Assim, após a Biologia ter alcançado plenamente a positividade, chegara a vez, em meados do séc XIX, de os estudos sobre a sociedade abandonarem os preconceitos teológicos e metafísicos, para se transformarem numa física social, a Sociologia, com aplicação dos métodos de observação, experimentação, comparação e filiação histórica.
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O único conhecimento válido é o que se baseia em fatos. Por isso, a imaginação deve estar completamente subordinada à observação da realidade sensível e manipulável pela técnica. Consequentemente, abandona-se qualquer tentativa de conhecimento absoluto ou pelas causas; o objetivo é chegar às leis, ou seja, às relações constantes que os fatos possuem entre si. Por um lado, as leis positivas não apresentam valor absoluto, (religioso ou metáfísico): mas, por outro, são invariáveis, no sentido de que são verificáveis em todo universo.
Somente a filosofia positiva, livre da teologia e da metafísica, poderia superar as contradições da humanidade, levando-a alcançar o seu destino de progresso.
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Segunto Comte, a evolução da Humanindade passou por três estágios: o Estado Teológico, o Estado Metafísico e o Estado Positivo.

O Estado Teológico

Na fase inicial da evolução, o mundo, a vida e os fenômenos em geral são explicados através dos recursos a forças mágicas e aos deuses, primeiramente sob a forma de fetchismo, passando pelo politeismo e terminando no monoteismo.
A esta forma de conhecimento, corresponde uma forma de organização sócio-política: o governo monárquico, em que o poder real absoluto é legitimado pelo direito divino.

O Estado Metafísico

Nesta fase, assim como na anterior, a sociedade ainda busca explicações de caráter absoluto. A diferença é que a divindade é substituida por conceitos como "essência e substância" (a coisa em si mesma), "causas primeiras" (origem absoluta), "causas finais" (destino absoluto), "faculdades", etc..., que, embora produzidos pela razão, não podem ser comprovados objetivamente.
A organização sócio-política própria a esta fase é a república liberal, fundamentada em suposições metafísicas, ou seja, nos direitos humanos.

O Estado Positivo

É o estágio final da evolução humana, em que a sociedade atinge o conhecimento científico, isto é, verificável e objetivo, e que se expressa em termo de leis naturais. A filosofia de Comte é justamente uma análise do estado positivo.
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Na primeira metade do séc.XIX a burguesia já havia consolidado seu poder político e enconômico, principalmente na França. A Revolução Industrial estava em franca realização, baseada no estupendo progresso da ciência e da técnica. Os burqueses ligados à industrialização desenvolviam uma nova fé: a crença de que a ciência inaugurava uma nova etapa em que os problemas mas básicos da humanidade seriam difinitivamente solucionados. Por outro lado, os problemas sociais gerados pela Revolução Industrial e pela hegemonia social, política e econômica da burguesia já eram patentes.
Assim, era natural que por volta de 1830 surgisse, na França, uma filosofia com duplo objetivo de analisar e exaltar o progresso das ciências experimentais, e propor uma reforma social conservadora, isto é, que mantivesse intacto o sistema político-enconômico virgente. Essa filosofia foi o Positivismo, de Augusto Comte, que também teve uma forte influência em nosso movimento republicano.
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